PÓS-MINIMALISMO
A noção vem sendo utilizada por certos estudiosos para designar um desdobramento crítico do minimalismo, que tem lugar nos Estados Unidos em meados da década de 1960, e cujos principais expoentes são Richard Serra (1939) e Eva Hesse (1936-1970). Falar em expansão crítica do minimalismo não deve sugerir idéias como ultrapassagem ou superação. Ao contrário, trata-se de pensar em desenvolvimento de princípios gestados no interior mesmo do minimalismo, ainda que a ênfase dos trabalhos realizados aponte no sentido da formação de uma nova sensibilidade. Os artistas reunidos sob o rótulo pós-minimalismo, ainda que muito diferentes entre si, se detêm no processo de feitura das obras, na pesquisa com a cor e nas substâncias e materiais utilizados, que funcionam como uma espécie de 'assinatura' das obras: o chumbo de Serra, o neon de Keith Sonnier, o feltro de Barry Le Va. Uma recusa ao alto grau de simplificação e ao intelectualismo presentes no minimalismo levam alguns estudiosos a ver no pós-minimalismo uma arte 'antiformalista', que dialoga com diversas tendências artísticas: com as 'esculturas moles' de Claes Oldenburg, com o expressionismo abstrato, com a arte pop e, em alguns casos, com o surrealismo (as obras de Lucas Samara, por exemplo).
No interior do minimalismo - que privilegiou as formas abstratas e geométricas, despidas de acentos ilusionistas ou metafóricos - talvez sejam os trabalhos de Robert Morris (1931-2018) os mais diretamente relacionados à nova tendência pelo modo como enfatizam a percepção. O trabalho de arte para Morris se define como o resultado de relações entre espaço, tempo, luz e campo de visão do observador. Se isso é verdade, sobretudo para as várias obras produzidas entre 1965 e 1966 - por exemplo, o grupo de trabalhos em forma de 'L', em que formas idênticas parecem diferentes em função de sua posição no espaço -, entre 1966 e 1967, a ênfase do artista repousa sobre o material empregado. A maior atenção concedida às propriedades intrínsecas dos materiais e aos seus processos de formação, leva-o a trabalhos que ele denomina antiforma, como por exemplo Sem título [Emaranhado] (1967-8), em que 254 pedaços de feltro, de tamanhos diferentes, são colocados sobre o solo, como num 'bolo' ou 'emaranhado'. A composição resulta diretamente da ação e do emprego de material flexível: no caso, o feltro maleável. O trabalho não tem forma fixa e sua principal razão de ser reside na execução da tarefa, cujo ritmo é marcado pelo acaso. Nos termos de Morris, o objetivo desses trabalhos é "deslocar-se para além dos objetos".
Os trabalhos antiforma de Morris terão enorme influência, seja em Robert Smithson (1938-1973) e em seus earthworks, seja nas esculturas de Richard Serra e Eva Hesse. Serra - conhecido por suas esculturas de grandes dimensões feitas de aço cor-ten não trabalhado, ou blocos de aço forjados - realiza suas primeiras esculturas em 1966 utilizando materiais não convencionais, como borracha e fibra de vidro. De 1969 a 1970, executa suas séries intituladas Splash, em que chumbo derretido é atirado na junção entre as paredes e o chão. Nessa mesma época, têm início as peças Prop, formadas por finos cilindros ou placas de chumbo apoiados em lâminas do mesmo material. Ainda em 1970, irá colaborar com R. Smithson na execução do Spiral Jetty no Great Salt Lake, o que terá desdobramentos em suas obras posteriores. A íntima relação entre trabalho artístico e natureza, a partir da transformação do ambiente, e a confecção de peças de grandes dimensões que resistem à observação distanciada - é preciso que o observador se coloque dentro delas, percorrendo os caminhos e passagens que projetam -, vão ser exploradas nas obras públicas de Serra, colocadas em ruas e praças. Tilted Arc (1981) é talvez uma das mais conhecidas e polêmicas. A gigantesca 'parede' de aço inclinada toma conta da Federal Plaza, Nova York, redefinindo o espaço, as passagens e seus vãos. Oito anos depois, é retirada do local, em função dos sucessivos conflitos entre o artista e a opinião pública. Os trabalhos de Serra - sólidos e pesados e, ao mesmo tempo, leves, dinâmicos, em precário equilíbrio - jogam com a tensão forma/antiforma projetada por Morris, interpelando diretamente o observador, sua percepção e o seu corpo.
Nos trabalhos de Eva Hesse observam-se preocupações semelhantes, ainda que os resultados sejam outros. Antes de mais nada, a artista explora mais amplamente materiais não-rígidos, que driblam a austeridade geométrica do minimalismo, como em Contingent (1969). A obra é composta a partir de oito grandes faixas retangulares paralelamente dispostas e penduradas no teto. Feitas de gaze e látex, e arrematadas, nas pontas, por fibra de vidro translúcido, as faixas são semelhantes mas essencialmente distintas. "São oito", diz ela, "penduradas regularmente, mas muito diferentes uma da outra. São geométricas, mas não são. Elas são do modo como são e do modo como o material e o fiberglass definem". O interesse por materiais incongruentes, que a artista trabalha de maneira quase artesanal - embalando, torcendo, fiando etc. - se associa à pesquisa da forma e às sugestões corpóreas que os trabalhos sistematicamente oferecem. Um cubo sobre o solo, com o lado superior vazado, feito de tela de aço galvanizado e tubos de plásticos. O exterior e o interior da peça estão à mostra. Visíveis também os milhares tubos plásticos enfiados à mão na tela. As conotações corpóreas se explicitam, fundadas no jogo entre fora - o revestimento - e dentro, as entranhas. Funções corporais são nitidamente exploradas em trabalhos como Hang up (1965-6), que articula uma estrutura retangular pendurada com um tubo que sai da peça e cai sobre o solo, sugerindo a circulação de fluidos. O retângulo e o tubo encontram-se envolvidos por tecidos, como uma espécie de bandagem. O título, por sua vez, pode ser lido como referência a um tipo de patologia neurológica.
Ao lado de Serra e Hesse, podem ser lembrados ainda os nomes de Richard Tuttle, Bruce Nauman e James Rosenquist. A referência a Frederick Lane Sandback (1943) é menos comum, mas nem por isso menos interessante. Suas linhas e barbantes, que definem limites e aberturas no espaço, atestam a vitalidade de uma geração recente de minimalistas. No Brasil, é possível mencionar as obras de José Resende (1945), Carlos Fajardo (1941) e Carmela Gross (1946) como desdobramentos das pesquisas pós-minimalistas.
FONTE: WIKIPEDIA
Arte povera (pronuncia-se arte póvera; em português "arte pobre") foi uma expressão criada pelo crítico e curador italiano Germano Celant, para referir-se ao movimento artístico que se desenvolveu originalmente na segunda metade da década de 1960 na Itália. Os seus adeptos utilizavam materiais de pintura (ou outras expressões plásticas não convencionais, como por exemplo areia, madeira, sacos, jornais, cordas, feltro, terra e trapos) com o intuito de "empobrecer" a obra de arte, reduzindo os seus artifícios e eliminando barreiras entre a Arte e o quotidiano das sociedades.
O movimento artístico desenvolveu-se ao longo da década de 1970, período em que os artistas voltaram a sua atenção para as temáticas da natureza e seus derivados, rompendo com os processos industriais e revelando a sua critica ao empobrecimento de uma sociedade guiada pelo acúmulo de riquezas materiais.
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